uma mudança urgente
dentro de nós
Ela chorava e nós não falávamos nada. Nada. Só mostrávamos que estávamos ali com interesse genuíno, que ali era seguro, que ela tinha autorização pra sofrer.
Todos nós sofremos, em algum momento, mas pouca gente da conta de ver o outro em desespero aceitando que isso também faz parte da vida.
Colocar o coração nos problemas.
Essa é a coragem que nos falta. De olhar pra cara do horror e ver o que acontece. De enfrentar os problemas de frente mesmo. De ouvir sem interromper uma vítima de qualquer coisa na vida.
Eu não sei o que pode ser mais importante do que isso.
Quem vai num evento assim - uma palestra sobre como voltar a ter prazer depois do estupro - está na portinha da cura, do encontro com esse monstro interno que corrói e dói.
No final da palestra quando começamos a conversar sobre falar de nossos traumas, uma moça chorava pra dentro e a única coisa que conseguia balbuciar era “como dói” — quando conseguia emitir som. Era um choro tão dolorido que a sala ficou em silêncio e uma corajosa amiga começou a cantar. Juro! Ela simplesmente começou a cantar uma música linda pra quebrar aquele silêncio de reconhecimento, o que aumentou a compaixão de todas.
A que chorava foi abraçada por uma desconhecida, e depois por outra. Ambas em silêncio, abraçando. Essa segunda que foi acudi-la também tinha sua história de dor e eu observei que todo o seu corpo começava a colapsar. Algo precisava sair. Enquanto ela abraçava a primeira, eu fui lá abraçá-la e ela desmoronou. Começou a chorar tentando conter e logo estava a plenos pulmões. Eu me acomodei no chão e ela deitou no meu colo.
Comecei a pensar que se eu tivesse tido uma filha quando era bem nova, poderia ser ela. E eu alisava seus cabelos e trazia todo amor que eu tenho em mim. Sem falar, sem julgar, sem tentar fazer com que ela parasse. Isso é enfrentar a vida de frente, deixar ela acontecer. Todos nós precisamos chorar as nossas dores ou elas vão nos sufocar por dentro.
Quando ela começou a se acalmar eu comecei a brincar sobre um colar que ela usava e logo o choro se misturou com riso e na mesma altura em que ela pôde chorar ela também começou a rir e depois a gargalhar. Lágrimas e risos se misturavam e a vida estava ali embalando nós duas num momento verdadeiro.
Estávamos numa sala cheia de mulheres e era como se nos projetássemos pra um outro lugar quentinho e seguro onde não tem problema ser quem a gente é.
Ela então me contou a história de uma personagem (acho que era Mazumi), que faz parte de um mito. Um dia o Sol se escondeu numa caverna e pra faze-lo aparecer a Mazumi o fazia rir. A partir daí eu apelidei essa mulher de Sol, e é assim que eu vou lembrar dela.
O problema não é falar de um trauma, é achar que está falando em vão. Que todo o esforço de entrar em contato com esses sentimentos não mudará nada ou vai piorar alguma coisa. Muitas mulheres contam seus traumas e são tratadas de forma diferente por quem dizia ama-las.
É nosso dever aprender a escutar. Quando me perguntam como eu aguento ouvir tantos relatos de estupro eu digo que meu único "dom" é saber ouvir o horror sem me misturar. Não sei o que pode ser mais importante que isso hoje. Todos estamos preocupados com o futuro e com a tecnologia e essa urgência não é sobre esse tipo de inovação mas sobre transformar nossas relações com as tragédias humanas.
Comentei sobre esse dia com uma amiga e ela disse "Como pode ter sido bom se tanta gente chorou?" E a minha resposta é "Temos o direito de sofrer e precisamos exercer esse direito."
Ouvi uma frase que a primeira moça que caiu em pratos falou depois agradecendo estar ali: "Em 30 anos eu nunca falei pra ninguém"
Nada é mais importante que isso gente. As pessoas precisam exercer o direito de se apropriarem de suas histórias. Do que aconteceu com elas — seja lá o que for! E elas só o farão se nós pararmos de julgar.
Isso muda o mundo delas e o mundo ao redor delas. Eu sei disso porque eu vivi isso na minha pele e junto com tantas mulheres e homens que dividem comigo suas dores. Eu não sou especialista, sou apenas uma sobrevivente. Não é sobre entender desse assunto ou ter uma formação, é sobre ser humana.
Essas situações catárticas acontecem em alguns dos cursos que eu ministro sobre violência sexual e elas sempre trazem benefícios. Eu recebo relatos lindos como esses:
Uma mulher adulta que decidiu contar pros filhos sobre o estupro que sofreu na adolescência. Ela me escreveu pra contar que foi impressionante. O filho começou a se engajar mais em causas feministas e uma das filhas (que andava distante) contou que também tinha passado por isso. Juntas elas estão se curando. "Como vítima eu posso me curar junto com ela e como mãe posso dar a ela o conforto que eu não tive"
Uma outra mulher questionou os pais que não tinham acreditado nela e contou pros irmãos o porque não suportava um dos parentes. Ela sempre foi considerada agressiva e agora todos puderam rever suas atitudes com ela nos últimos 20 anos.
Muitas decidiram buscar ajuda pra denunciar legalmente.
Algumas percebem durante o curso que foram estupradas e esses momentos me doem demais. Temos tantas idéias erradas sobre violência que nos acostumamos a dar as mãos pra ela como se fosse nossa amiga.
Eu garanto a todos vocês que a vida pode ser leve e alegre. É uma escolha. Uma escolha que podemos fazer juntos e pra escolher isso é só se conectar com o que tem de mais humano em você, mas não é possível fazermos isso sozinhos. É no contato com os outros que vamos crescer o nosso coração, a nossa compaixão. É participando da vida que criamos coisas extraordinárias e aprendemos que ela tem disso mesmo, as vezes ela dói. Nós não podemos nos livrar das tristezas mas também não podemos nos livrar das alegrias.
Você é muito importante, você pode ser o colo de alguém, pode pode ser um porto seguro de alguém que você nunca viu na vida, não é sobre tempo ou intimidade, é sobre disposição sincera em se doar pro outro.
Sempre que você empacar na vida, ficar perdido, se doe, a resposta está na interação, está na relação, na conexão com as pessoas. A criatividade está aí.
Você não precisa salvar a humanidade, você pode salvar um momento na vida de alguém. E aí você vai perceber que nem era sobre essa outra pessoa, era o seu coração querendo ficar maior. Mais potente e amoroso.
VIOLÊNCIA SEXUAL
Esse é um assunto muito importante, aqui deixo alguns conteúdos pra você. Pra começar, O que é estupro segundo a lei? e dados no país, lembrando que apenas 10% dos casos são notificados. Tirar a camisinha durante o sexo (Stealthing) também é estupro! E, principalmente, vamos ter cuidado pra não silenciar as vítimas Como silenciamos estupro. Ainda tem dúvidas sobre o que é Cultura do estupro? Só clicar! Tudo começa com o Assédio Sexual que é muito comum no nosso país e foi denunciado de forma mais ampla na campanha Chega de Fiu Fiu
- Grupo de apoio a vítimas de violência sexual com mais de 3mil participantes “As incríveis mulheres que vão morrer duas vezes” no facebook. O objetivo é falarmos sobre o assunto para o maior número possível de pessoas, inclusive amigos e familiares de sobreviventes.
Ali já na descrição do grupo temos um compilado de vídeos e matérias importantes sobre o tema. Muitas mulheres não sobrevivem a essa violência e muitas não podem falar sobre isso por questões de segurança. Porém temos muitas dispostas a falar e juntas vamos transformar esse tabu em ações.
Como acolher uma vítima? Pega essas dicas traduzidas pela musa Patricia Castro que administra o grupo comigo.
Um estupro não precisa se tornar um trauma, isso depende de acolhimento, veja esse relato da Bel Saide
2. É fundamental que a violência sexual seja discutida amplamente. Foi uma grande conquista abordar o assunto no programa Encontro com Fátima Bernardes “Estupro!”. Muitas mulheres nos encontraram a partir desse programa e puderam falar disso com alguém pela primeira vez na vida.
3. Vídeo para o Canal do Dr. Drauzio Varella sobre “Estupro”. Esse convite foi muito importante pra mim. Tive uma crise de choro muito forte depois da gravação e a equipe me acolheu. Obrigada! Ver a seriedade de todos foi comovente.
4. O que não devemos dizer para uma vítima de estupro? Muitas vezes não sabemos agir diante desse tipo de relato. No vídeo “Como ajudar uma vítima de abuso”eu falo um pouco sobre isso.
Descobri que ela foi estuprada, e agora?
Muitas pessoas: maridos, namorados, amigos… me escrevem pedindo dicas de como acolher mulheres que foram vítimas de violência, esse vídeo é pra vocês:
5. Falando sobre estupro sem medo. Live onde tiramos dúvidas da audiência em parceria com a Olivia Godoy do canal Olivices. Muito bacana pra quem quer compreender mais sobre o tema.
6. Por que é tão difícil acreditar nas vítimas? Mesmo com dados oficiais de 1 estupro a cada 11 minutos no país é só alguém falar publicamente que foi estuprada pra muita gente acusa-la de mentir. Por que será que isso acontece e o que você pode fazer a respeito.
7. Essa reportagem sobre Violência sexual em relações consentidas mostra como a cultura da violência e do estupro atingem a todos: Fui estrangulada durante o sexo’: as mulheres que enfrentam violência em relações consentidas
8. Será que eu sou uma pessoa violenta? Com que grau de violência estamos habituados no nosso cotidiano? Recebo muitos relatos de mulheres e homens perguntando se o que viveram foi realmente um estupro e era em 100% das vezes. Será que estamos perdendo a capacidade de reconhecer as violências sistêmicas e individuais que enfrentamos?
9. Por que as vítimas não falam? Que tal refletirmos juntos as razões desse crime ser tão subnotificado? Fiz uma enquete outro dia no grupo perguntando o que as sobreviventes acreditavam ser mais relevante pra falar em rede nacional sobre isso e a resposta foi em uníssono: "Que a vítima não tem culpa". Por que será que ainda não compreendemos isso?
10. Como nos acostumamos muito com violência, achamos normal algumas coisas que não são normais. Amor não persegue e esse vídeo aborda o assunto de homens que perseguem ex namoradas ou mesmo mulheres com as quais nunca se relacionaram Homens perseguidores
11. Como curar um trauma? Com a participação da Terapeuta Helena Martins, alguns passos que podem nos ajudar nessa caminhada!
12. Por que é tão difícil se livrar da culpa? O paradoxo da culpa é uma reflexão inspirada no livro "Do que estamos falando quando falamos de estupro"de Sohaila Abdulali. Recomendo muito essa leitura!
13. Uma reflexão importante sobre o poder e o abuso sexual. Neste vídeo João de Deus e o Estupro nosso de cada dia resolvi fazer algumas considerações ao observar como as pessoas estão reagindo a algo que é tão comum no país. Se você se chocou com esse caso, esse vídeo é especialmente pra você.
Aproveito pra agradecer todos que estão trabalhando com afinco pra que essa realidade mude! Vocês estão nos dando uma grande oportunidade de ver as coisas como são e só assim é possível construir um mundo melhor, obrigada!
14. Existe um habito social de falarmos sobre violência apenas com as mulheres que geralmente já sabem bem o que é e como agir. Precisamos trazer os homens pra essa conversa, isso é urgente! Homens, precisamos de vocês pra acabar com assédio e estupro. Acredito que é o primeiro vídeo que eu fiz sobre esses assuntos.
O QUE É CULTURA DO ESTUPRO?
Muitas pessoas têm dificuldade em compreender essa expressão e a Gabriela Mayer me convidou junto com 3 mulheres espetaculares pra explorar esse tema tão importante e cada dia mais fundamental. O que adianta chegarmos a lua se continuamos explorando os corpos de mulheres e crianças?
Pais Ajudam Pais
Pais ajudam pais é uma comunidade de educação positiva liderada pela Flavia Pereira e em agosto de 2022 fizemos uma live pra conversar sobre a cultura do estupro e como eventualmente fragilizamos as crianças através do tipo de educação que estimulamos em casa. Foi um papo incrível que está no link abaixo :). Conheça a escola!
ABUSO: a cultura de estupro no Brasil
A jornalista Ana Paula Araújo tem pesquisado o tema e lançou o livro ABUSO além de vários vídeos educativos sobre o tema.
Ouça esse episódio do podcast Mamilos para compreender um poiuco mais:
FUI ESTUPRADA, E AGORA?
15. Fui estuprada, e agora? Pra onde vou? Hospital ou delegacia? HOSPITAL, SEMPRE! Com a participação do responsável pelo atendimento a vítimas no maior hospital de referência em saúde da mulher no Rio Grande do Sul, o médico ginecologista Jader Burtet. Ele também é responsável pelo treinamento de novos médicos.
Não existe nenhuma doença que atinga tantas pessoas no Brasil como o estupro e ainda não temos uma política publica eficiente sobre isso.
Diretriz do ministério da Saúde que deve ser usada no atendimento
16. E quando a vítima não quer falar? É muito comum, ao ouvirmos um relato de violência, acreditarmos que sabemos melhor que a vítima o que deve ser feito. Só que isso não ajuda de fato. Muitos maridos, namorados, namoradas, amigos e parentes de vítimas me escrevem perguntando o que fazer. Aqui tem dicas :)
17. Contar também é MUITO difícil, mas é possível. Dicas para contar o que aconteceu — caso você queira contar com a participação da Carolina Nalon, especialista em Comunicação Não Violenta.
18. Algumas pessoas alegam ser difícil entender os limites entre assedio e paquera. Esse é um guia pra elucidar algumas dessas "confusões" Assedio Sexual e Encontro Ruim — Qual a diferença?
19. Nosso grande inimigo é o silêncio. Ja fiz algumas palestras para adolescentes e esse vídeo é sobre como falar com jovens é importante!
VIOLENCIA SEXUAL E INFÂNCIA
O cado da menina de 10 anos chocou o Brasil em agosto de 2020
Este é o melhor vídeo a respeito:
Excelente reportagem: Meninas enfrentam dificuldades no sistema público para fazer aborto permitido por lei
Quem é contra a descriminalização do aborto ou ganha dinheiro com isso ou apoia quem ganha! — Concordo totalmente com o Dr. Luiz Cesar Melo.
Nao existe peoaroruicao infantil, existe exploracao sexual de crianças
20. O vídeo mais difícil que eu ja fiz na vida — confesso que nem tenho coragem de ver novamente. Mas considero ele importante, é sobre o que mudou na minha vida depois de tratar o meu trauma do estupro na infância. Como o estupro na infância afeta a vida adulta — um vídeo "forte". Assista quando você estiver bem
21. Como falar com crianças sobre isso? Esse livro e este projeto Conte para alguém contribuem muito! Obrigada as autoras que autorizaram que eu gravasse o vídeo com a história completa :)
22. A informação Protege — Série de vídeos educativos para crianças e adolescentes no do Canal Futura "Que corpo é esse?" e os vídeos da Fafa Conta Histórias!
Precisamos falar com crianças pra que tenham vocabulário, relato da Vanessa Fortinho
Educação Sexual em casa
Peguem as dicas da @leilianerochapsicologa pra começar uma boa educação sexual em casa!
23. Por que isso acontece? Por que a violência sexual contra crianças sempre aumenta? Palestra fundamental (e traduzida) sobre Combate à exploração sexual infantil com a maior pesquisadora da área Gail Dines
"Os adultos tem que saber o que está acontecendo e tem que defender as crianças. Esse é o nosso trabalho como adultos"
24. Nesse vídeo da MILA Movimento Infância Livre de Abuso as próprias crianças estão dizendo como ensiná-las!!!
ABUSO SEXUAL INFANTIL: Dia 18 de maio é o dia de combate ao Abu$o e Exploração $exu@l de crianças e adolescentes! O assunto é delicado, mas merece ser falado, pois os números são alarmantes! Se você, assim como eu, faz parte dessa estatística ou conhece alguém faz, deixei aqui seu “🧡” pra gente se apoiar! E vamos espalhar essas informações por aí e cuidar das nossas crianças!
EDUCAÇÃO SEXUAL: Kit gay? Ensinar crianças a fazer $exo? Afinal de contas o que é Educação $EXU@L??? Espero que esse vídeo esclareça as dúvidas, se ficou algo, bora papear aqui? 👇🏻
25. O Podcast sobre paternidade Entre Fraldas trouxe um episódio sobre violência sexual na infância. É um trabalho muito legal de pais preocupados em serem melhores pais sempre
Que atitudes temos com as mulheres adultas e como mulheres adultas que contribuem para o abuso de crianças?
O Brasil é o quarto país que mais casa crianças no mundo. Isso mesmo, somos campeões em casamento infantil.
Um dos problemas da gravidez na adolescência não é que os adolescentes "escolhem" fazer sexo cedo, é que as adolescentes são estupradas e por homens adultos. Precisamos educar os homens adultos. Link do Face
Um filme pra assistir com adolescentes que aborda a violência sexual em escolas e entre colegas e também a exposição de imagens na internet. O que acaba com a vida — literalmente — de muitas meninas e meninos.
Abusadores são protegidos quando tem recursos e influência politica:
A violência sexual une homens no mundo todo, de todas as idades e background, por isso não podemos descansar. Precisamos proteger as crianças e eliminar o machismo. 4 em cada 10 brasileiras será violentada durante a vida e a maioria na infância. Muitos homens serão violentados ainda meninos. Não podemos admitir isso.
Em 2021 o escândalo do médico que estuprou mais de 100 ginastas adolescentes americanas foi totalmente aberto e a medalhista Simine Biles faliu a respeito:
Atuar próximo a possíveis vítimas é uma estratégia dos pedófilos, no caso das ginastas o médico era “voluntario” e nos aso abaixo o criminoso era professor é dono de escola.
ESTUPRO VIRTUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
26. Você já ouviu falar de estupro virtual? Pois é, essa modalidade de estupro está cada vez mais comum e fere crianças sem que elas saiam de casa. Acompanhe essa fala da delegada Paula Mary Reis de Albuquerque. Delegacia de defesa institucional que combate pornografia infantil e crimes de ódio na internet
Em 2023 acontece a primeira condenação por estupro virtual no Brasil
27. Vídeo excelente da Julia que contextualiza a violência sexual contra crianças no país e tem vários links para quem quer fazer algo a respeito. Tem muita coisa que você pode fazer, é só começar :)
28. A violência sexual na infância e adolescência não é necessariamente sexo. Entrevistei a maravilhosa Juliana Aquino @juaquinoamor que nos contou dos abusos sofridos na família e como isso afetou a construção da Auto estima dela. Um vídeo forte e importante:
29. Alguns sites trazem informações para vítimas e seus familiares, bem como endereços de apoio local em diferentes cidades do país:
30. Por que algumas mulheres responsabilizam as vítimas que sofrem violência e reproduzem o machismo? É disso que falo no video Mulher Machista
31. Violência doméstica e sexual — essas duas violências estão super conectadas. A Maria Isabel Panter, que participa do nosso grupo de apoio, viveu momentos terríveis e chegou a acreditar que tirar a própria vida seria a única solução. Hoje ela está super bem e conta sua experiência.
32. O trabalho infelizmente é um local de assédio constante. Nessa live eu e a Olivia Godoy do canal Olivices conversamos com a audiência e trocamos muitas idéias a respeito. Assédio no Trabalho
33. Guia prático de como lidar com o sofrimento — pra quem não sabe o que fazer quando alguém conta algo terrível: a gente não tem solução para todos os problemas, especialmente os das outras pessoas.
34. A importância de pedir ajuda. Ninguém precisa passar por isso sozinha. Por favor peçam ajuda! Muitas mensagens que recebemos no grupo são de sobreviventes desesperadas e sim, é mesmo desesperador, muitas não resistem a essa dor. Eu mesma já tive muita dificuldade com isso mas garanto a vocês que vale a pena pedir ajuda!
35. Muitas pessoas estão unindo força pra falar sobre isso. São milhares de relatos e aqui selecionei alguns deles, especialmente os que tem vídeos:
Karina Buhr, cantora brasileira que denunciou o estupro sofrido por um líder religioso, Xuxa sobre abuso na infância, Jaqueline Heinrichs, Marcus Carnero, Clara Averbuck com um vídeo onde MARIA DA PENHA participa, Olivia Godoy, Jessica Scipioni, Ana Lucia, Nalua, Mônica Martelli, Cleide, Fabiola Melo, Sabrina Bittencourt, Cida em depoimento pra Ong Hella — Grupo de apoio a mulheres vítimas de violência, Andreza Nascimento, Rodrigo Martins fui estuprado quando criança, Fui estuprado pelo meu irmão reportagem da da incrível Geledes — Instituto da Mulher Negra - que faz um trabalho extraordinário, Giselle Itié, Elizabeth Ohene que contou aos 74 anos sobre a violência que sofreu 67 anos antes — nunca é tarde! Andy Woodward: pedófilos se aproveitam do futebol; 25 homens sobreviventes de estupro contam o que ouviram
36. Sexo depois do estupro parte 5 — Contar ou não contar? Aqui temos uma série de 5 vídeos falando apenas de sexo depois do estupro. Parte 1: Sexo depois do estupro. Parte 2 — padrão comportamental depois do estupro. Parte 3— verbalizando o estupro. Parte 4 — se não ha consenso, é estupro.
37. Precisamos urgentemente mudar a maneira como vemos sexualidade. Essa revolução já começou, faça parte!
VIOLÊNCIA SEXUAL E SAÚDE
38. Atenção profissionais de saúde! Até mesmo um atendimento no dentista pode retraumatizar uma vítima, no livro da Sohaila, ela aborda isso muito bem:
39. Especialmente se você for homem, assiste esse documentário abaixo, que mostra muito do que precisamos modificar em nós:
NATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNICA
Algumas notícias nos chocam, e elas tem a ver com cultura. Em novembro de 2020 um jogador do Internacional foi demitido após declarar em um vídeo que dopou uma mulher para estupra-la (clique pra ler a reportagem e ver o vídeo). A BandNews me convidou pra falar sobre o assunto.
A colonização marcada por estupros pode ser verificada no NDA dos brasileiros como explica a matéria abaixo de 2021. Quando utilizamos a expressão Cultura do estupro, é disso também que estamos falando.
40. Estes relatos mostram qual a postura esperada de um homem em uma situação de possível abuso:
41. No podcast Baseado em Fatos Surreais que eu faço junto com a Marcela Ponce de Leon, nós contamos histórias de muitas mulheres, mostrando que cada mulher é um universo. São mais de 100 episódios publicados e entre eles temos alguns casos de assédio e estupro. Deixo aqui alguns deles aqui:
42. Em média, 86% dos estupros reportados a polícia nos EUA nunca chegam a julgamento. Essas são imagens do incrível filme I’AM EVIDENCE. Recomendem a todas as suas amigas e amigos policiais. Peçam que eles assistam o documentário completo. Percebam porque a quantidade de estupros é alarmante — no nosso país é igual e nem temos todos esses parâmetros. NO BRASIL NÃO EXISTE O KIT, alguns hospitais guardam evidência de sêmem no hospital quando encontram (o que não é simples) mas é raríssimo que a polícia solicite esse material. Aqui a coisa é feita “a moda antiga” com o reconhecimento do agressor visualmente, como me informou o diretor de atendimento a vítimas em um hospital de referência.
Por que policiais ignoram as vítimas?
Por que a justiça finge que fará algo e não faz nada?
Por que as negras e pobres são as mais prejudicadas?
Precisamos mudar isso e precisamos de todos pra conseguir.
43. Existem muitos filmes, documentários e séries importantes que abordam a violência sexual. Deixo aqui alguns deles:
A caçadora de pedófilos é incrível e mostra a rotina de uma ONG dedicada a desmascarar criminosos que abordam crianças na internet. A cada episódio eles ensinam sobre uma estratégia diferente utilizada por eles nas redes sociais, recomendo muito!
Arquivos da Perversão. Em 2023 foiu lançado um documentário que mostra como o movimento de escotismo americano escondeu o abuso de mais de 80 mil meninos. Todos sabiam, inclusive a igreja, e optaram por nao fazer nada!
Felicidade Aparente. Outro documentário estarrecedor mostra os bastidores de uma família com 19 filhos que teve um reality de muito sucesso nos EUA. Além de abusos dos mais variados, desmistifica o ensino domiciliar que tem muitos malefícios que seus defensores nao levam em consideração
O assassinato de Gabby Petito. Um casal de influenciadores jovens resolve fazer uma viagem e mostràr tudo para seus seguidores mas apenas ele volta da viagem. A história do assassinato de Gabby Petito mostra a violência de gênero ampliada pela perversidade das redes sociais
Hell Camp. Na adolescência quando muitos jovens ficam "rebeldes" e a familia se adapta a essa pessoa que está se desenvolvendo muitos pais perdidos optaram (e ainda optam) por um estilo de acampamento na natureza que prometia traze-los para os eixos, corrigindo os comportamentos desafiadores. Claro que com uma boa dose de falsa religiosidade, falsos princípios militaristas e muito dinheiro pros bolsos do fundador que alem de abusos físicos também praticou abusos sexuais.
Vítima X Suspeita é um documentário estarrecedor. A investigação de quatro anos da jornalista Rachel de Leon sobre um padrão norte-americano chocante: mulheres jovens contam à polícia que sofreram abuso sexual, no entanto, em vez de encontrarem justiça e acolhimento no procedimento, são acusadas do crime de falsa denúncia, indo presas pelo sistema que elas acreditavam que as protegeria.
Sounds of freedom trouxe a tona a temática do tráfico de crianças para a exploração sexual. No Brasil temos uma incidência alta desse tipo de crime então recomendo também o filme Um crime entre nós para que você tenha uma visão local do problema. Também fiz um vídeo logo que o filme foi lançado nos EUA e recomendo que você assista.
Atleta A. 250 atletas das mais conhecidas dos Estados Unidos foram abusadas por um médico muito famoso que fez isso por 29 anos. Netflix lançou um documentário sobre essa história.
Em nome de Deus é uma série primorosa da Globoplay que conta a história de vítimas do chamado “João de Deus” que se dizia médico. Um trabalho excelente – recomendo muito! Já a série da netflix é terrível e continua iludindo as pessoas tentando realizar equivalências entre os crimes e as supostas boa ações já desmentidas não apenas no documentário da Globoplay mas no livro “A casa: a história da seita de João de Deus” de Chico Felitti.
Colônia Dignidade. Um grupo de Alemães fundou uma colônia no Chile na década de 70. O que parecia uma comunidade religiosa e feliz na verdade era o paraiso de um pedófilo. Documentário desse absurdo na Netflix
Holy Hell. Como Gurus manipulam a sexualidade das pessoas para mantê-las sob seu jugo. Esse documentário é desesperador
Birkram. Este Guru da Yoga extremamente famoso no mundo todo por sua “metodologia” abusava de discípulas. Bikram chegou a ter 1500 escolas de yoga
The Morning Show é uma série espetacular – eu amei muito – sobre comunicação, assédio e estupro. Sobre como as pessoas naturalizaram isso durante tanto tempo. Principalmente os agressores. Recomendo!
Saul Klein, fundador da rede de lojas Casas Bahia e seu filho mantinham uma rede estruturada de exploração sexual de meninas vulneráveis que incluía médicos para realizarem abortos e tratamentos. Tudo começa a desmoronar quando uma das meninas comete suicídio. O documentário disponível no youtube é alarmante.
Estupradores famosos – Woody Allen é um caso dos mais absurdos, além de estuprar a filha de seis anos de sua companheira ele também explorou sexualmente a filha mais velha dela com quem se casou. O mais absurdo foi que para encobrir seus crimes ele processou a mãe das crianças para desacredita-la e recebeu muito apoio. Revoltante é importantíssimo esse documentário.
1 em cada 4 mulheres do exército dos EUA relatam contato sexual inapropriado por parte de colegas e superiores. Homens também relatam assédios e abusos por parte de seus superiores que pasmem, são os mesmos que julgam os casos. Este filme maravilhoso narra a luta de uma família que perde a filha assassinada para mudar a lei para que estes militares não sejam julgados normalmente por juízes formados e não por comandantes e que as vítimas possam ter advogados.
Poder e rede de exploração sexual andam muito próximos. E vários poderosos estavam juntos com Epstein em sua rede de exploração. Revoltante e importante.
No caso de Epstein, parecido com o dos Klein no Brasil, ele teve a ajuda de uma mulher é tb existe um documentário sobre a participação dela nesses crimes
Religiosidade é poder e nessas duas séries sobre comunidades religiosas vemos o que move realmente as lideranças desses espaços – sempre masculinas (para a surpresa de zero pessoas)
Em nome da Fé
Na série documental Em Nome da Fé: Uma Traição Sagrada investiga, ao longo de oito episódios, casos de quatro falsos profetas na Coréia do Sul. Com escândalos que se estendem de extorção e falsidade ideológica até abusos sexuais comprovados, esses líderes colocavam-se como salvadores e enviados dos céus, mas o fanatismo que pregavam estava longe de ser realmente divino.
Entre mulheres. Inspirado no livro homônimo de Miriam Toews, Entre Mulheres é um forte relato contra o abuso e a opressão masculina. Situado quase que inteiramente em um celeiro de uma comunidade religiosa do interior dos Estados Unidos, o longa conta a histórias de mulheres que discutem quais caminhos devem tomar após descobrirem que estão sendo violentadas pelos homens locais.
Cyber Hell
Entre 2019 e 2020, mais de 90 mulheres foram vítimas de um golpe no Telegram. O caso ficou conhecido como Enésima Sala, e foi o maior escândalo sexual da Coreia do Sul. Elas eram chamadas de escravas pelos criminosos que exigiam vídeos bizarros e sexuais em troca de não divulgar imagens arqueadas das vítimas.
O programa Fantástico da rede globo exibiu em outubro de 2022 um programa sobre uma comunidade religiosa na Amazônia que vive sob o jugo de lideranças abjetas que além de explorar sexualmente as integrantes, submete as pessoas a maus tratos e trabalho análogo à escravidão.
Vou terminar esse compilado com um trecho do episódio 19 da 15 temporada da série Grey’s Anatomy que impactou 2019. Um episódio inteiro dedicado a complexidade da violência sexual. Tente assistir porque vale muito a pena, inclusive para trabalhar o tema nas escolas:
44. AUDRIE & DAISY
Audrie e Daisy é um documentário sobre adolescentes que sofreram as conseqüências de serem estupradas e terem o crime divulgado nas redes sociais.
A maravilhosa série Não atenda o telefone é a série mostra um criminoso que aplicava trotes e convencia pessoas a cometerem abusos sexuais nos EUA. Ela questiona a ideia de obediência e a maneira que criamos as pessoas como uma parte do problema para a propagação da violência
45. MAUS TRATOS AOS ANIMAIS E VIOLÊNCIA CONTRA AS PESSOAS
Teoria Link — a escalada da violência a partir da agressão contra animais.
Coloco aqui os trechos de um livro muito bom que nos ajuda a aprofundar a ideia de estupro como violência associada a poder e não a sexo. Pesquisas em diferentes países mostram que a agressão pode seguir uma linha contra o que é considerado mais fraco socialmente: animais, crianças, idosos, mulheres, minorias…
Sheylli Caleffi atua pela erradicação da violência sexual. Criou o grupo de apoio a sobreviventes de violência sexual As Incríveis mulheres que vão morrer duas vezes e compartilha conteúdos educativos sobre o tema. Também dá aulas de sexualidade positiva para profissionais de saúde na Casa Prazerela Profissionalmente treina pessoas que precisam falar melhor em público ou em frente às câmeras. Atriz, Diretora Artística e Co-Founder do podcast Baseado em Fatos Surreais, sua especialidade é o “ao vivo”: eventos, lives, convenções, palestras, coletivas de imprensa, lançamento de produto, e todo tipo de apresentações, focando sempre em como compartilhar da melhor forma uma mensagem. Atua principalmente como Diretora Artística, Designer de Experiências e Treinadora de Comunicação. Executivos, escritores, empreendedores e palestrantes do TED, além de artistas dos mais variados, já passaram por esses treinamentos.