Hora de pular
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Qual a hora de sair da matrix? Tenho a sensação de que volta e meia vem nas nossas mentes uma reflexão sobre “onde estou e pra onde vou”.
Acordei duas vezes nessas semanas com a sensação de que tudo está — não errado — mas que tudo poderia ser diferente. Em uma delas, viajando a trabalho, olhei pra minha sócia e disse: “Nada faz sentido!”
É uma sensação de que minha vida é uma construção abstrata e pode mudar totalmente com um passo, uma escolha.
Vejo isso em mim e em várias pessoas ao meu redor. Não sei exatamente porque esses pensamentos chegam mas soa como um convite pra pular no desconhecido.
Uma colega está casando e vai mudar pra Floripa, conheci uma comunidade que vive no meio da mata com muito pouco e com o suficiente, vi um vídeo que questiona os padrões que seguimos… Tenho um amigo que decidiu virar tatuador e mudou totalmente sua vida, vi que a cantora Iza foi publicitária… vi previsões de que jajá poderemos viver quase 200 anos, me separei, me apaixonei…
Tudo isso ou talvez apenas uma noite bem ou mal dormida podem me embalar pra esses sonhos onde minha vida é muito diferente dessa.
Eu brinco que ser adulto é existir na insegurança com cara de que sabemos o que estamos fazendo.
“É a era das distrações” disse uma amiga. A gente vai se distraindo e às vezes tem esses questionamentos sobre o que está fazendo — se está certo ou não, se é a melhor escolha ou não.
Às vezes parece que estou na porta aberta de um trem em movimento, tensa, inspirando profundamente antes de agir. Qual é a hora de pular desse trem?
Foi a pergunta que ficou ecoando na minha cabeça.
Quando esses pensamentos ficam fortes o bastante pra uma guinada?
e a letra de Trampolim que o Caetano escreveu em 72 está tocando na minha cabeça:
“A paixão não é mais do que o ato
Da gente ficar
No ar antes de mergulhar
Antes de mergulhar”