PARA ALÉM DO CERTO E DO ERRADO

Muitas vezes temos mais medo de errar do que vontade de acertar. E esse medo rege muitas decisões especialmente na nossa comunicação. As palavras que escolhemos, o tom da nossa fala ou de nossa escrita reflete a vontade de aceitação em um grupo ou mercado. O pensamento sobre o que essas pessoas querem ouvir é muito forte e em vários momentos ultrapassa o que realmente queremos expressar e é aí que nossa conexão começa a ficar truncada. Aliena e não engaja. Vira uma casca sem recheio, a gente tem a sensação que já leu ou ouviu aquilo em algum lugar e só nos resta concordar ou discordar. Sem vulnerabilidade não tem verdade. Pode ter uma construção que pareça muito real – atores e alguns políticos treinam pra isso (eu mesma já treinei vários)

Fomos criados com foco nos erros, no que está faltando e não no que temos de brilhante. Lembram das provas na escola que vinham com o erro grifado em vermelho? Nunca peguei uma prova corrigida e fiquei super feliz “Que ótimo, tirei 8, deixa ver aqui o que eu acertei!”. Ia direto ver o que e por que eu tinha errado e até hoje sou capaz de gastar muita energia num equívoco que já aconteceu e já foi solucionado mas continua na minha mente.

Sempre destacado o erro pode nos perseguir pela vida toda e influenciar nossas atitudes mais do que conseguimos nos dar conta. Por isso os discursos que focam no medo de errar funcionam tanto “o que vc está fazendo de errado em tal coisa”, “três dicas pra não fracassar na sua apresentação”…

Quando você sentir que está pensando mais em como não errar do que em como acertar lembre que a cultura pode estar te consumindo e mude o foco.

Eu te digo que o risco é genuinamente parte de um jogo que vale a pena jogar. Que é a vulnerabilidade que provoca a criatividade e abre espaço pro novo. Que o inesperado vale a pena. Mas você pode lembrar do que disse o poeta Rumi:

“Para além do certo e do errado existe um campo. Eu encontrarei com você lá”